The Home Shows: cinco dias ‘vivendo’ de Pearl Jam em Seattle
Em 2018 estive na cidade que foi o berço do grunge para ver dois shows da banda em sua cidade natal. Um passeio de muita música, arte, cultura e até causa social.
PEARL JAMSHOWS
10/19/20256 min read


Em agosto de 2018 embarquei para Seattle, nos EUA, com uma expectativa que parecia grande demais até para a minha própria imaginação: ver dois shows do Pearl Jam lá na cidade deles. Os chamados The Home Shows (ou, numa tradução livre, “os shows em casa”, já que a banda é de Seattle) faziam parte da campanha Banding Together to Fight Homelessness, algo como “juntando-se para combater a falta de lares”.
Foi emocionante estar ali, na cidade natal de uma das bandas que marcaram (e ainda marcam) tanto minha vida, e ao mesmo tempo saber que os shows tinham um propósito maior. A campanha, lançada pelo grupo, arrecadava fundos para os cerca de doze mil desabrigados que viviam nas ruas da região.
O movimento da banda conseguiu unir mais de 160 empresas que doaram parte dos lucros à causa, e aproximadamente 90 mil pessoas compareceram aos shows nos dias 8 e 10 de agosto, gerando visibilidade e engajamento para a campanha. Ao final, mais de 11 milhões de dólares foram arrecadados e repassados a instituições locais para ajudar as pessoas em situação de rua a conseguir um lar.
Mesmo com toda essa dimensão, para mim, estar ali era sentir a cidade pulsando com uma parte da minha própria trilha sonora. Ver anúncios do evento no aeroporto, nas estações de metrô, nos ônibus e nos muros de Seattle era ver que a cidade inteira estava respirando Pearl Jam — e como a música consegue ter um papel importante e grandioso quando abraça causas sociais.
O Pearl Jam já tem um longo histórico em apoiar ações sociais e ambientais; o grupo possui uma fundação que ajuda diversas entidades e ONGs. E estar no meio de fãs que compartilham essa energia fez tudo parecer ainda maior.






Poste com anúncio dos shows, cartazes nos muros, propaganda no aeroporto da exposição da banda
Eu sempre dizia: “Um dia ainda vou ver o Pearl Jam em Seattle!”. E foi tudo como nada como eu imaginava. Isso porque ver o Pearl Jam tocando em casa teve um gostinho diferente. Eu já tinha ido a outros shows deles em algumas cidades do Brasil, mas ir a essas apresentações da banda na cidade dela deu uma sensação quase que de aconchego: parecia mesmo uma banda local tocando num barzinho da cidade — apenas trocando as proporções da banda e do lugar, que era um estádio de beisebol.
Foram dois shows com setlists bem diferentes. Sim, teve as clássicas, Alive, Even Flow, Betterman. Mas teve algumas músicas que eu ainda não tinha ouvido ao vivo, como Let Me Sleep e Help Help, além de covers como Throw Your Hatred Down (Neil Young), I’ve Got a Feeling (Beatles), We’re Going To Be Friends (White Stripes) e Crown of Thorns (Mother Love Bone), entre outros.
Como eles estavam em casa, foram shows com direito a famílias dividindo o palco, homenagens e convidados especiais. Eu vi a Brandi Carlile cantando Again Today. Vi Mark Arm e Steve Turner, ambos do Mudhoney, e Kim Thayil, do Soundgarden, tocarem Search and Destroy (do Iggy and the Stoogers) e Sonic Reducer (do Dead Boys), com os anfitriões.
Na primeira noite eu assisti ao show do gramado, bem perto do palco. Já na segunda apresentação, estava na arquibancada. Entre um show e outro, um convite do Ten Club para a abertura da exposição sobre a banda no MoPOP (museu da cultura pop), que fica do lado da Space Needle — o ponto turístico mais conhecido de Seattle. E (re)assistir, no telão do museu, ao show da noite 1 (que atualmente está disponível para streaming no Amazon Prime Video).
Nos dois shows e no passeio ao museu, fui com uma grande amiga que conheci num desses fóruns da banda na internet (havíamos nos conhecido pessoalmente apenas alguns meses antes dessa viagem, no show do Pearl Jam no Rio). Também dividi o quarto no hostel com ela e com mais duas brasileiras que conheci nas pistas dos shows da banda por aqui — eu estava longe de ser a única brasileira vivendo aqueles dias por (e para) uma banda.


Foram cinco dias imersa na “meca do grunge” praticamente consumindo só Pearl Jam. A cerveja era do Pearl Jam. O chocolate era do Pearl Jam. O cardápio do restaurante, o vinho, o bourbon... tudo edição especial de produtos cujos lucros das vendas foram revertidos para a campanha da banda.


Quando o Pearl Jam é uma banda local
O berço do grunge
Pelo relato acima pode até parecer que foi minha primeira vez em Seattle. Mas um ano antes, em 2017, eu tinha ido à cidade para fazer uma viagem com um roteiro grunge há muito tempo planejada:
Conhecer os bares onde as bandas começaram.
Ver onde foi o primeiro show do Nirvana na cidade.
Visitar a serralheria onde o Pearl Jam ensaiava e que serviu de moradia para o Eddie Vedder logo que ele chegou na cidade, em 1990 — o sofá ainda era o mesmo em que ele havia dormido naquelas primeiras noites!
Ver as esculturas Black Sun, que inspirou Chris Cornell a escrever Black Hole Sun; e Changing Forms, que serviu de cenário para algumas das mais famosas fotos do Mother Love Bone e de seu vocalista (o finado Andrew Wood).
Ver de perto a última casa em que Kurt Cobain morou (e onde ele morreu).
Conhecer o prédio onde foi gravado Singles - Vida de Solteiro, um filme do Cameron Crowe de 1992 que se passa na cidade e cuja trilha sonora é repleta de música das bandas de lá — e a cena musical em si é quase que uma personagem do filme também.
Eu adorei a cidade. Mas logo pensei: “Seattle é muito longe! Vou demorar pra voltar aqui”. Mal sabia eu que um ano depois estaria lá novamente. E para realizar mais um sonho!
Sim, Seattle é muito mais do que só música. É a maior cidade do noroeste americano e a região metropolitana possui cerca de quatro milhões de residentes. Mesmo assim, a cidade em si tem menos de um milhão de habitantes.
Além do berço do grunge, a cidade também é o local de nascimento de empresas como Microsoft, Amazon e Starbucks. E eu dei sorte de ir no verão (em agosto e em setembro) e pegar dias lindos de muito sol, 30 graus Celsius e nada de chuva — ainda mais considerando que lá chove a maior parte do ano (mas principalmente no inverno). Também tem uma história forte e muita cultura dos povos nativos americanos que habitavam a região antes da chegada do homem branco.
Seja a cidade do café, seja a cidade da tecnologia ou da inovação, não importa. Pra mim (e provavelmente para os fãs de Pearl Jam, Nirvana etc. ao redor do globo), Seattle sempre vai ser sinônimo de música boa!
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Outros posts sobre Pearl Jam e shows no exterior:
Pearl Jam em Los Angeles, maio de 2022
Pearl Jam em Fresno, maio de 2022
Setlists do Pearl Jam em Seattle, 8 e 10 de agosto de 2018
Seattle N1
Long Road
Release
Low Light
Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town
Corduroy
Go
Do the Evolution
Throw Your Hatred Down (cover do Neil Young)
Mind Your Manners
Lightning Bolt
Given to Fly
All Those Yesterdays
Even Flow
Help Help
Black
Setting Forth
I Am a Patriot (cover do Little Steven)
Porch
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We're Going to Be Friends (cover do The White Stripes)
Nothing as It Seems
Let Me Sleep
Breath
Again Today (cover da Brandi Carlile e com ela como convidada)
State of Love and Trust
Rearviewmirror
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Wasted Reprise
Better Man (com um trecho de “Save It for Later”)
Comfortably Numb (cover do Pink Floyd)
Alive
I've Got a Feeling (cover dos Beatles)
Rockin' in the Free World (cover do Neil Young)
Yellow Ledbetter
Fonte: site Setlist.fm
Seattle N2
Oceans
Footsteps
Nothingman
Why Go
Brain of J.
Interstellar Overdrive (cover do Pink Floyd)
Corduroy
Rats
In Hiding
Whipping
Even Flow
Missing (cover do Chris Cornell)
Daughter(com trechos de "W.M.A" e "It's Ok")
Immortality
I'm Open
Unthought Known
Can't Deny Me
Do the Evolution
Lukin
Porch
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I Won't Back Down (cover do Tom Petty)
Thin Air
All or None
Better Man (com Save it for Later, do The English Beat)
Crown of Thorns
Kick Out the Jams (cover do MC5)
Spin the Black Circle
Rearviewmirror (com um trecho de "Fernando", do ABBA)
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Crazy Mary (cover da Victoria Williams)
Jeremy
Leash
Search and Destroy (cover do Iggy and The Stooges cover)
Sonic Reducer (cover do Dead Boys cover)
Alive
Baba O'Riley (cover do The Who)
Yellow Ledbetter
Fonte: site Setlist.fm
