Guns em Floripa: pura energia no palco; calmaria na plateia
Três horas de show, 28 músicas e mais uma noite para ficar na memória — especialmente quando é o show da sua banda do coração. A apresentação do Guns N’ Roses em Florianópolis, dia 21 de outubro, foi impecável. Mas o público...
SHOWSGUNS N ROSES
10/23/20254 min read


Três horas de show, 28 músicas e, claro, mais uma noite para ficar para sempre na memória. Agora multiplica por dez na potência infinita para quando é o show da sua banda do coração! Assim posso resumir a última apresentação do Guns N’ Roses em Florianópolis (ou melhor, São José!), na noite de 21 de outubro.
Eu já escrevi sobre as outras duas passagens do Guns pela cidade (em 2014 e 2022), mas a sensação foi de que esse show de 2025 foi mais longo, mais “trabalhado”. Ao mesmo tempo, senti o público meio desanimado… ou teria sido só impressão?
O show estava marcado para as 21h. Nada mais justo do que chegar com uma certa antecedência para garantir um lugar relativamente perto. Até porque no mesmo dia foi anunciado que os ingressos estavam esgotados — eram esperadas quase 30 mil pessoas.
A produção montou um esquema enorme de deslocamento para esse povo todo, com bolsões de estacionamento e ônibus fazendo o transporte de pessoas dos mais diversos bairros de Florianópolis e São José. E funcionou muito bem na chegada ao evento. Pena que na saída, com todo mundo querendo ir embora ao mesmo tempo, foi preciso esperar na fila. Mas faz parte (e como esse não é um texto sobre os perrengues, vamos ao que importa).
O show do Guns
Eram quase 21h30 quando a maior banda do mundo subiu ao palco, abrindo com Welcome to the Jungle como têm feito nos shows dessa tour. Som impecável, domínio de palco; a plateia parecia animada (estavam cantando a letra toda!). Em seguida veio Bad Obsession e, ali, metade das pessoas já pararam de pular. Se ficou assim numa música que fez parte de setlists das tours mais famosas deles (de 91 a 93), dá pra imaginar como foi nas músicas mais novas e desconhecidas, não?
Eu sou fã do Guns desde que me entendo por gente, não vai ser aqui que você vai ler uma crítica impessoal e sem opinião sobre uma apresentação deles. Mas do público eu falo mesmo: que gente mais desanimada e “mosca morta”. Seria a média de idade de quem estava por ali? Cansaço pelas horas em pé num dia útil normal de trabalho? Ou será que Florianópolis nunca foi mesmo terra de rock e a maioria estava lá só pra contar pros outros?
As apresentações do Guns são bem num estilo “shows dos anos 90”: longos, muitos solos de guitarra, músicas enormes (teve Coma, Estranged, November Rain, pra citar algumas). Muitos gritos, “yeah!” isso, “uuuhhh!” aquilo. São shows pra apreciar a música e os músicos. E dá pra ver como eles dão tudo deles nas três horas em que estão no palco!
Gosto de ver a animação do grupo, as interações, as piadas internas, e de ver (e ouvir) como estão com as músicas redondinhas. Legal também perceber os improvisos e as atualizações em algumas canções, principalmente por parte do Slash. E de ver o Axl trocando de roupa algumas vezes como fazia nos anos dourados (quase um remember daquele meu primeiro show, em 1992).
Sim, ele ainda canta bem. Consegue segurar uma nota como ninguém, tanto em intensidade e volume, quanto em tempo. Em certas músicas ele mudou o tom e cantou mais grave, e o drive inconfundível que só ele tem complementou todo o resto.


A bem da verdade, se teve um problema, foi o microfone. Os outros instrumentos estavam todos bem equalizados e harmônicos, mas o microfone do Axl falhou horrivelmente algumas vezes e teve partes em que as palavras pareciam sair só pela metade — e quando saíam, era num volume destoando do resto da música. Em certos momentos os microfones de backing vocals estavam mais altos que o do próprio Axl.
Cheguei a pensar que ia rolar um climão como aconteceu em Buenos Aires três noites antes, quando, por causa de um problema no retorno, ele se emputeceu chateou e jogou o equipamento no chão, saindo bufando do palco — tal qual o astro de rock que ele é e que trouxe para ele uma fama não muito amigável naqueles mesmos anos dourados.
Foi um show impecável. Além de clássicos (como Mr. Brownstone e You Could Be Mine), tocaram músicas novas, alguns covers, como Sabbath Bloody Sabbath; o Duff cantou I Wanna Be Your Dog (cover do The Stooges); Slash brilhou em vários e longos solos de guitarra. O novo baterista (que entrou no Guns este ano) entregou bem, e até o Richard Fortus conquistou um lugar de destaque e, com excelente presença de palco — e técnica —, mostrou que sabe fazer mais do que só a base das guitarras.
Em três horas ininterruptas, a banda pareceu ter mais pique do que o público. Porém, uma hora precisava acabar (será?). Perto de meia-noite e trinta, os primeiros acordes de Paradise City anunciavam a última música, assim, sem direito a encore. Com o fim da canção, os músicos se abraçaram no meio do palco, agradecendo e, provavelmente (imagino eu), torcendo para que o show de São Paulo, no sábado, conte com uma plateia um pouco mais animada.
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Welcome to the Jungle
Bad Obsession
Chinese Democracy
Mr. Brownstone
It's So Easy
Pretty Tied Up
Slither (cover do Velvet Revolver)
Hard Skool
Live and Let Die (cover do Wings / Paul McCartney)
Sabbath Bloody Sabbath (cover do Black Sabbath)
Shadow of Your Love
The General
You Could Be Mine
Knockin' on Heaven's Door (cover do Bob Dylan)
Double Talkin' Jive
Perhaps
Rocket Queen
Prostitute
Absurd
Estranged
I Wanna Be Your Dog (cover do The Stooges), com Duff nos vocais
Coma
Sweet Child o' Mine
Civil War
Wichita Lineman (cover do Jimmy Webb)
November Rain
Nightrain
Paradise City
Fonte: site Setlist.fm
