Weezer em São Paulo: uma viagem intensa e nostálgica de volta ao disco azul

Mais do que uma comemoração aos 30 anos do álbum de estreia, o show do Weezer no Parque Ibirapuera teve um clima bem família, emoção coletiva e a certeza de que é muito bom estar viva nesta mesma era!

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11/5/20253 min read

show do weezer em são paulo no parque ibirapuera 2025
show do weezer em são paulo no parque ibirapuera 2025

Que privilégio poder viver na mesma era que uma banda como o Weezer! E, mais privilégio ainda, poder assistir ao Rivers Cuomo e cia. ao vivo.

O Weezer foi o headliner do Índigo, um evento organizado pela 30e com jeito de festival, cara de festival, mas que não foi divulgado como tal. Realizado num domingo, 2 de novembro, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, teve um line-up com cinco atrações bem diferentes entre si. Confesso que, das outras quatro, eu conhecia só duas (e de nome). Mas tudo bem: eu não estava lá por elas mesmo.

Uma viagem ao disco azul

O Weezer pode ter alma indie, mas de independente não tem nada. Talvez só o visual dos integrantes, aquele ar de “nerds alternativos que nunca deixaram de ser”.

A banda de Los Angeles está em turnê comemorando os 30 anos do primeiro disco — intitulado com o nome do grupo, mas conhecido como Blue Album (disco azul). A tour tem o nome de Voyage to the Blue Planet (viagem ao planeta azul), então, era de se esperar que o setlist girasse em torno dele.

Não criei grandes expectativas de ouvir as músicas dos meus discos favoritos deles — os de 2021, OK Human e Van Weezer —, que foram trilha sonora dos meus dias de pandemia. O foco no Blue Album e nos hits mais antigos não iria tirar o brilho da noite. E realmente, foi um show impecável, cheio de energia e nostalgia.

Assim como no disco, a apresentação começou com My Name is Jonas (está no Youtube para quem quiser ver como foi). Dali pra frente, o Ibirapuera virou um grande coral em uma viagem coletiva de retorno ao planeta azul.

Parágrafo fora do ritmo do texto, mas pra contar que o baterista, por algum motivo que eu desconheço, largou as baquetas e ficou tocando violão e guitarra como um terceiro guitarrista no fundo do palco, enquanto Josh Freese (recém-ex-Foo Fighters, mas que já tocou com o Weezer no final dos anos 2000) assumiu a bateria. Mas voltemos ao relato da noite.

O som estava um pouco baixo (até o som dos DJs entre um grupo e outro estava mais alto). Cheguei a pensar: “será que estou ficando velha e surda ou será que o som está realmente baixo?”. Ainda assim, o público parecia não se importar muito com o volume. Era bonito ver famílias inteiras se divertindo juntas: pais, mães e filhos; todos com as letras na ponta da língua.

Eram quase “famílias de comercial de margarina”, só que trocando o cenário da mesa de café da manhã pela pista de um festival alternativo. Sim, ainda há esperança!

Quando todo mundo sente a mesma coisa

É lindo ver como o rock ainda conecta gerações. Crianças com camisetas combinando com as dos pais. Pré-adolescentes aguardando a banda com a mesma ansiedade dos adultos de 45 (ou mais). Todos unidos por músicas que, de alguma forma, marcaram fases diferentes da vida de cada um.

A música tem disso. Uma mesma canção toca cada pessoa de um jeito — e o que vi naquele show foi algo raro: em alguns momentos, parecia que todo mundo ali sentia a mesma coisa.

O show durou precisamente 1 hora e 11 minutos, mas foi intenso do começo ao fim. Eles tocaram praticamente todo o Blue Album, além de clássicos como Island in the Sun, Porks and Beans e Hash Pipe. Nenhuma dos “álbuns pandêmicos” entrou no repertório, mas tudo bem, I don't care about that. Como sempre digo: "Quando a banda não toca sua música preferida, é só mais um motivo pra ir ao próximo show".

Um dos momentos mais bonitos foi Say It Ain’t So. No refrão, a banda parou de tocar e deixou o verso principal pra plateia cantar. Uma frase entoada em uníssono, com milhares de vozes se misturando, como se fossem uma só (aqui tem um pedaço dessa música no show – veja se você também não se arrepia ao ouvir!).

O encore, claro, não podia ser outro: Buddy Holly, a música que colocou o grupo no mapa (e talvez a única que muita gente conhece fora do círculo de fãs). Pouco antes das 22h, o show e o evento chegavam ao fim.

Saí de lá sabendo que presenciamos algo verdadeiro e intenso. O Weezer é isso: uma banda que não precisa de grandes efeitos pra emocionar. Bastam cinco caras, guitarras afinadas, refrões cativantes e uma multidão cantando junto.

Disse lá no começo e repito aqui: como é bom poder viver na mesma era que eles!

Setlist do show do Weezer no Parque Ibirapuera, em São Paulo, dia 2 de novembro de 2025

My Name Is Jonas
Dope Nose / Troublemaker
No One Else
Perfect Situation
Run, Raven, Run
Hash Pipe
Surf Wax America
Undone - The Sweater Song
Island in the Sun
Holiday
In the Garage
Why Bother?
You Gave Your Love to Me Softly
Pink Triangle
Beverly Hills
I Just Threw Out the Love of My Dreams
Pork and Beans
El Scorcho
The Good Life
Say It Ain't So

Buddy Holly